A MÚSICA NA LITURGIA (1)
A partir da Encíclica “Musicae Sacrae Disciplina” de Pio XII, do documento conciliar “ Musicam Sacram” de 1967 e do documento “Música e Liturgia” de D. Jorge Ortiga de 2001, pretendemos recordar os critérios e normas das exigências qualitativas da Música nos actos Litúrgicos. Há bastante tempo que o assunto não é abordado e, como é natural, vão-se esquecendo as boas práticas e introduzindo novidades de qualidade duvidosa.
O “fato de louvar a Deus”
Ainda há muitas pessoas que se lembram deste dito e do porquê do mesmo. O melhor fato (se não o único, para muita gente) estava reservado para o domingo, para ir à Missa. Para Deus reservava-se o que havia de melhor recordando as “primícias das colheitas” que eram oferecidas no Templo. O chamado “fato de louvar a Deus” ou “fato domingueiro” só se vestia para ir à Igreja ficando, durante a semana, guardado até ao domingo seguinte.
Sejamos, então, coerentes. Se tanto empenho se colocava no “louvar a Deus” no aspecto exterior da pessoa, quanto melhor não deveria ser a predisposição interior na preparação da acção Litúrgica, do autêntico e agradável louvor a Deus? Se assim não for, a imprecação de Jesus contra os fariseus terá adequada aplicação a nós mesmos e ao nosso procedimento: “hipócritas, sepulcros branqueados….” Há uma mentalidade, em muitas cabecinhas, de que para Nosso Senhor “qualquer coisinha” serve desde que seja piedosa.
Vamos tentar, por isso, preparar da melhor maneira a festa dominical. Sem exibicionismos balofos e sem artificialismos desnecessários; sem prelecções e aditamentos que prolongam o acto Litúrgico e sem pressas que transformem a assembleia em grafonolas no máximo de rotações; com alegria exterior mas, também, com muita interioridade; de pé e cabeça erguida mas, também, batendo no peito e reconhecendo que somos fracos e pecadores; reconhecendo que somos ignorantes e humildes, sempre à procura da Verdade; que somos imperfeitos mas sempre à espera do sopro Divino para fazermos, em tudo, o melhor possível.
Deste modo poderemos desempenhar com um mínimo de dignidade, que pedimos no acto penitencial, as funções Litúrgicas que nos são pedidas e estão ao nosso alcance, prestando um serviço de qualidade à assembleia orante.
Vamos falar somente da Música ao serviço da Liturgia. Fá-lo-emos baseado nos documentos acima referidos, tentando colocar a Música a enobrecer o texto; a voz a exprimir os sentimentos que louvam o Criador; o Grupo Coral a incentivar a assembleia a participar, a meditar e a contemplar; os instrumentos musicais, tocados com gosto e arte, a dar ênfase às vozes num majestoso hino de louvor; o compositor que, como uma “corda tensa”, vibra inspirado pelo texto sagrado e, no silêncio, tece a harmonia dos sons que dulcificam o ouvido e enternecem o coração; finalmente, algumas dicas, fruto de uma já longa experiência ao serviço da Música Litúrgica.
Com humildade, espero ser útil aos leitores que “comem do mesmo pão” semanalmente.
(Continua)
domingo, 22 de novembro de 2009
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