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segunda-feira, 29 de junho de 2009

COMO POSSO CALAR-ME?


Gostaria de uma vida mais calma, sem sobressaltos embora com trabalho, muito trabalho. Mas profícuo. Todavia, perante certos acontecimentos capazes de fazer "irritar" Manuel Faria se estivesse, fisicamente, no nosso meio, para ser coerente comigo mesmo também não me posso calar. Pouco adianta falar mas devo fazê-lo. É uma das características dos tempos que atravessamos. Há menos de 40 anos nada se podia dizer pois "até as paredes tinham ouvidos". Volvidas quatro décadas, podemos dizer tudo: opinar, sugerir, questionar, provocar e, até, insultar que ninguém quer ouvir. Vamos ao caso.
Há algum tempo participei numa Eucaristia concelebrada por seis padres: cinco com menos de quinze anos de ordenação e um outro mais velho. De todos os cânticos (ou cantigas ou canções) somente um era meu conhecido, embora não simpatize com ele. Das restantes cantigas nenhuma passou pelo "crivo" da respectiva autoridade teológica, pastoral ou musical. Portanto sem o respectivo "imprimatur". Aliás é banal encontrar na Livraria do Diário do Minho músicas "ditas" litúrgicas, que são executadas na liturgia, mas que não têm o visto de qualquer autoridade eclesiástica. Manuel Faria diria: "É INDECENTE" e anatematizava a livraria bem como quem a dirige. Pode-se dizer, com toda a propriedade, que as cantigas "ditas" litúrgicas aqui vendidas estão a "PROFANAR" o templo de Deus e a dar lucro "imoral e ilícito". Ou será que, quem dirige esta livraria, pensa que a maioria dos músicos (?) que estão a orientar o canto nas nossas igrejas são capazes de discernir entre o que é bom, menos bom e medíocre? Alguém pensará que é profano? Vendido numa livraria diocesana? Santa inocência!!!!
Voltemos à Eucaristia em que participei. Nenhum dos fiéis, além do coral, colaborou nos cãnticos (cantigas, canções...) executadas pelo coro, ou seja, o canto não cumpriu a sua função: levar os fiéis a participar, de modo mais sublime, na liturgia. MAS CANTARAM OS CINCO PADRES MAIS NOVOS!!!!!! TODAS.
Este facto surpreendente levou-me a tirar uma conclusão: não são apenas as livrarias,mesmo sem partituras (mas somente com textos e CDs) , que contribuem para o estado em que se encontra a música sacra. A formação musical anda mal no seminário. Não se incute nos seminaristas o gosto pela boa música e pelos autores consagrados, os tais que são de ontem, de hoje e de sempre. Não se pratica, com frequência diária, aquela música que saiu da mente dos nossos ilustres Mestres. Não admira, por isso, que os novos Padres façam tábua rasa das normas bem claras do conceito de música sacra. O que irá ficar para, mais tarde, os jovens de agora recordarem? É que, queiram ou não, falta pouco tempo para serem "velhos", da nossa idade. Vão recordar-se destas "modas" rapioqueiras? Ou irão calar-se porque nada sabem?
Está a acontecer na IGREJA o mesmo que na Educação pública: o facilitismo, o infantilismo e o porreirismo litúrgico que é tanto do agrado de muitos papás e catequistas. Neste assunto o Padre já não é capaz de "ser um moderador", de ter uma opinião ou, quiçã, de contrariar com mais ou menos diplomacia, a vontade dos seus colaboradores. A música e o canto não é imprescindível para sermos santos. Mas ajuda se for de boa qualidade literária, teológica, pastoral e musical. Mas... a nível das cúpulas nada se tem feito. Lamentável.
Só mais uma achega. Passei pela Catedral, repito, pela Catedral de Braga, onde existem três bons órgãos de tubos e uma "gaitinha" electrónica desafinada e, qual o meu espanto quando ouvi cantar (gritar) ao som dos arames de uma ramada. Por amor de Deus!!!!! Ao domingo, como antigamente, vistam o melhor fato. É o dia do Senhor. Deixem a roupa mais velha para os trabalhos da semana.