(Algumas achegas)
Estão a decorrer
encontros de coros no Sameiro desde o segundo domingo de Maio até ao primeiro
de Junho. Na altura foi dito que a maior importância destes encontros não
estava no “possível” espectáculo que cada coral poderia dar, com maior ou menor
qualidade. A vantagem destes encontros é a troca de experiências: ouvir para
fazer melhor, aperfeiçoar ou, - pode acontecer- evitar seguir tal exemplo.
Também no que
respeita à execução do órgão há sempre algo a aprender. A maior parte dos
órgãoes das nossas igrejas são electrónicos e de fácil manipulação. Mas é
necessário conhecer regras básicas para que tal aconteça.
Há uns anos
atrás a NR de Música Sacra, colectânea de inultrapassável valor artístico e
litúrgico da nossa Diocese (e País), inseriu um artigo muito completo do Mestre
P.Jorge Barbosa sobre este assunto. Todavia, como nem todos têm a possibilidade
de “apanhar” um determinado artigo na hora em que surge, é necessário insistir,
“oportuna e inoportunamente” na repetição da sâ doutrina. Neste caso, a
registação de um órgão, função imprescindível para uma boa simbiose entre
organista e coro, deve ser do conhecimento de quem tem a responsabilidade de
oferecer uma harmonia que apoia mas não encobre as vozes dos cantores. O órgão
deve apoiar e não afugentar quem canta e quem ouve. Vejamos, então, os aspectos
básicos na registação de um órgão.
Embora quase
todos venham pré-registados de fábrica com sonoridades dentro do piano, meio
forte e forte, há quem prefira escolher os registos. Ora não se pode deixar de
ter em conta que, a base de qualquer acompanhamento, são os registos de 8 e de
4 pés, evitando as palhetas (de cor encarnada). Os números estão assinalados
nos registos. Basta colocar, em cada teclado, estes dois registos para que o
acompanhamento seja claro e suficiente. Para quem quer ir um pouco mais longe
deverá recorrer aos registos de 2 pés e
a uma mistura para enriquecimento tímbrico. Normalmente, o teclado de baixo (o
primeiro) é mais forte que o segundo a fim de que se possa alternar entre o
meio forte e forte (a assembleia e o coro) e o piano (solistas).
Como muitos
organistas tocam por acordes na mão esquerda e a melodia na direita, dão origem
a um problema insuportável e doloroso para ouvidos mais apurados. Na realidade
ainda temos bsatantes pessoas com formação superior nas várias áreas do saber
que devem ser acolhidas com o mínimo de respeito nas nossas igrejas. Vejamos,
então, o seguinte problema: o organista toca o acorde de dó (dó mi sol) na mão
esquerda com os registos de 8 e 4 pés. Ainda se ouve com alguma sobriedade e
delicadeza sem irritar os ouvidos nem encobrir as vozes. Mas se continuar a
fazer acordes idênticos mais para a esquerda imaginem o “pastel sonoro” que nos chega aos ouvidos e a falta de
clareza na audição das vozes já que são encobertas pelos “ruidos” sombrios dos
graves. Imaginem um pouco mais: além de oito pés ainda activou 16 e 32 bem como
toda a “iluminação” do órgão, desde o primeiro ao ultimo cântico.Já imaginaram
como sofrem as pessoas que vão à Eucaristia asim? Que falta de gosto e de bom
senso! Que falta de competência por parte de alguns pastores! Que vergonha
senti no final, quando ouvi os comentários deprimentes dos fiéis conforme iam
saindo! Só que não sabiam explicar a razão de tão má disposição. Aonde foi? Não vale a pena dizer porque,
infelizmente, acontece em muitas Eucaristias.
Os responsáveis
dos coros têm pouca formação não só musical mas, sobretudo, litúrgica.
Desconhecem (ou não querem conhecer) a riqueza musical produzida na nossa
diocese e aprovada pelo competente autoridade, Recorrem, então, à internete
onde se encontram sítios verdadeiramente pornográficos no que se refere à
música pretensamente litúrgica. Como discípulo de Manuel Faria só me apetecia gritar: volte cá, meu bom
Amigo e ponha ordem na casa de Deus. O problema é que, nos dias que decorrem,
nem a gritar nos conseguimos fazer ouvir,
tal como na política.
acostagomes@gmail.com
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