Tomando,
como ponto de partida, os documentos Conciliares Sacrossantum Concilium e
Musicam Sacram, podemos tomar pleno conhecimento do papel de um grupo coral nas
celebrações litúrgicas, nomeadamente nas Eucaristias. Basta ler os dois
documentos referidos.
O
coro exerce um ministério (serviço) equiparado aos acólitos, leitores,
ministros da Comunhão, etc. A função destes últimos não é (não deve ser) para
si próprios mas um serviço à assembleia que, presidida pelo ministro ordenado,
tem a primazia e é a razão de ser da celebração litúrgica. Não se envaideça,
por isso, o grupo coral pelo facto de cantar muito bem ou de “elevar” as suas
vozes acima de todos os participantes. O
coro e cada elemento do mesmo deve estar como quem “serve” , como alguém com
dons especiais (ouvido e voz) que contribui de modo mais solene e perfeito para
o louvor a Deus e a toda a Criação. Este louvor terá de partir do coração para
que não tenhamos de ouvir estas palavras duras: “este povo só me honra com os
lábios”.
Não pode
nem deve, à maneira do fariseu e do publicano, ter o sentimento de
superioridade considerando-se “vedeta” na função que exerce. Dignidade,
humildade e serviço, três conceitos muito importantes em cada coralista.
Qualquer
coro tem alguém responsável pela orientação, pela preparação, pela escolha e
organização. Essa ou essas pessoas devem ser respeitadas, acarinhadas e
ajudadas na caminhada de uma adequada preparação do coro. Evitem-se as querelas
fúteis que só criam divisão e mal estar, tarefas próprias do diabo (= aquele
que divide). Que o director artístico escolha cânticos adequados a cada
celebração não só no que se refere ao texto como à qualidade das melodias,
ritmos e harmonias.
Felizmente há muitos directores artísticos bem
formados e suficientemente humildes para se questionarem sobre os compositores
mais creditados. De qualquer modo a maior responsabilidade é sempre de quem
preside à acc ão litúrgica. Mesmo que não seja
perito em música deve-o ser no que se refere à qualidade e proveniência dos
textos e ao conhecimento dos compositores de música sacra na sua diocese. Há
muitas publicações, ditas sacras, à
venda sem a autorização do Ordinário ou de um seu delegado, com muitos erros
teológicos, erros de acentuação silábica e harmonias de má qualidade.
Ao
director artístico compete a escolha de cânticos em que a assembleia tenha
possibilidade de participar. Quem não o fizer está a desdenhar da maior parte
dos que se juntam para, em comunhão (comunidade) louvar o “Pastor que deu a
vida pelo seu rebanho”.
Um
problema complicado de resolver: facultar os textos à assembleia orante. Em
algumas igrejas há a possibilidade de
colocar uma tela para projectar os textos. Outras conseguem, todos os domingos,
distribuir uma folha com os cânticos e outras informações úteis para os fiéis.
Já tenho referido que nas igrejas protestantes há um costume que, embora pouco
inovador, dá muito resultado. Têm um livro de hinos à disposição na entrada de
modo que, quem quiser, pega e leva consigo. O organista projecta um número que
corresponde a um determinado cântico e,
feita a introdução, todos cantam. Neste caso não há grande renovação de
cânticos.
Na
diocese de Braga há um enorme repertório de boa qualidade mas impossível de
colecionar num só volume. Entretanto ouve-se o povo a cantar, de cor, melodias
com mais de setenta anos . Com menos de vinte anos poucas se ouvem; daqui por
vinte anos, como hoje os jovens não sentem necessidade de frequentar a igreja,
creio que também poucos haverá que saibam meia dúzia de cânticos.
Este
é um assunto que merece reflexão e troca de ideias. Acho que os jovens têm uma
palavra a dizer e que se devem exprimir livremente. Onde? Esperemos que surjam respostas.
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