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quinta-feira, 22 de maio de 2014

REGISTAÇÃO DO ÓRGÃO LITÚRGICO


(Algumas achegas)

Estão a decorrer encontros de coros no Sameiro desde o segundo domingo de Maio até ao primeiro de Junho. Na altura foi dito que a maior importância destes encontros não estava no “possível” espectáculo que cada coral poderia dar, com maior ou menor qualidade. A vantagem destes encontros é a troca de experiências: ouvir para fazer melhor, aperfeiçoar ou, - pode acontecer- evitar seguir tal exemplo.
Também no que respeita à execução do órgão há sempre algo a aprender. A maior parte dos órgãoes das nossas igrejas são electrónicos e de fácil manipulação. Mas é necessário conhecer regras básicas para que tal aconteça.
Há uns anos atrás a NR de Música Sacra, colectânea de inultrapassável valor artístico e litúrgico da nossa Diocese (e País), inseriu um artigo muito completo do Mestre P.Jorge Barbosa sobre este assunto. Todavia, como nem todos têm a possibilidade de “apanhar” um determinado artigo na hora em que surge, é necessário insistir, “oportuna e inoportunamente” na repetição da sâ doutrina. Neste caso, a registação de um órgão, função imprescindível para uma boa simbiose entre organista e coro, deve ser do conhecimento de quem tem a responsabilidade de oferecer uma harmonia que apoia mas não encobre as vozes dos cantores. O órgão deve apoiar e não afugentar quem canta e quem ouve. Vejamos, então, os aspectos básicos na registação de um órgão.
Embora quase todos venham pré-registados de fábrica com sonoridades dentro do piano, meio forte e forte, há quem prefira escolher os registos. Ora não se pode deixar de ter em conta que, a base de qualquer acompanhamento, são os registos de 8 e de 4 pés, evitando as palhetas (de cor encarnada). Os números estão assinalados nos registos. Basta colocar, em cada teclado, estes dois registos para que o acompanhamento seja claro e suficiente. Para quem quer ir um pouco mais longe deverá recorrer aos registos de  2 pés e a uma mistura para enriquecimento tímbrico. Normalmente, o teclado de baixo (o primeiro) é mais forte que o segundo a fim de que se possa alternar entre o meio forte e forte (a assembleia e o coro) e o piano (solistas).
Como muitos organistas tocam por acordes na mão esquerda e a melodia na direita, dão origem a um problema insuportável e doloroso para ouvidos mais apurados. Na realidade ainda temos bsatantes pessoas com formação superior nas várias áreas do saber que devem ser acolhidas com o mínimo de respeito nas nossas igrejas. Vejamos, então, o seguinte problema: o organista toca o acorde de dó (dó mi sol) na mão esquerda com os registos de 8 e 4 pés. Ainda se ouve com alguma sobriedade e delicadeza sem irritar os ouvidos nem encobrir as vozes. Mas se continuar a fazer acordes idênticos mais para a esquerda imaginem o “pastel sonoro”  que nos chega aos ouvidos e a falta de clareza na audição das vozes já que são encobertas pelos “ruidos” sombrios dos graves. Imaginem um pouco mais: além de oito pés ainda activou 16 e 32 bem como toda a “iluminação” do órgão, desde o primeiro ao ultimo cântico.Já imaginaram como sofrem as pessoas que vão à Eucaristia asim? Que falta de gosto e de bom senso! Que falta de competência por parte de alguns pastores! Que vergonha senti no final, quando ouvi os comentários deprimentes dos fiéis conforme iam saindo! Só que não sabiam explicar a razão de tão má disposição. Aonde  foi? Não vale a pena dizer porque, infelizmente, acontece em muitas Eucaristias.
Os responsáveis dos coros têm pouca formação não só musical mas, sobretudo, litúrgica. Desconhecem (ou não querem conhecer) a riqueza musical produzida na nossa diocese e aprovada pelo competente autoridade, Recorrem, então, à internete onde se encontram sítios verdadeiramente pornográficos no que se refere à música pretensamente litúrgica. Como discípulo de Manuel Faria  só me apetecia gritar: volte cá, meu bom Amigo e ponha ordem na casa de Deus. O problema é que, nos dias que decorrem, nem a gritar nos conseguimos fazer ouvir,  tal como na política.

acostagomes@gmail.com